segunda-feira, 30 de março de 2009

Reflexões sobre a Via Crucis (IV)

Acabava Jesus de se levantar da primeira queda, quando encontra sua Mãe Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa.

Com imenso amor, Maria olha para Jesus, e Jesus olha para sua Mãe; os olhos de ambos se encontram, e cada coração derrama no outro a sua própria dor. A alma de Maria fica submersa em amargura, na amargura de Jesus Cristo. Mas ninguém percebe, ninguém repara; só Jesus. Neste momento, cumpriu-se a profecia de Simeão: Uma espada trespassará a tua alma (Lc 2, 35)

Na obscura solidão da Paixão, Nossa Senhora oferece a seu Filho um bálsamo de ternura, de união, de fidelidade; um sim à Vontade divina. Levados pela mão de Maria, somos convidados também a consolar Jesus, aceitando sempre e em tudo a Vontade de seu Pai, do nosso Pai. Só assim experimentaremos a doçura da Cruz de Cristo, e a abraçaremos com a força do Amor, levando-a em triunfo por todos os caminhos da terra. Ahhh, minha Mãe e Senhora, ensina-me a pronunciar um sim que, como o teu, se identifique com o clamor de Jesus perante seu Pai: "não se faça a minha vontade, mas a de Deus" (Lc 22, 42).

Quanta miséria! Quantas ofensas! As minhas, as tuas, as da humanidade inteira... Nasci, como todos os homens, manchado com a culpa dos nossos primeiros pais. Depois... os meus pecados pessoais: rebeldias pensadas, desejadas, cometidas... Para nos purificar dessa podridão, Jesus quis humilhar-se e tomar a forma de servo, encarnando-se nas entranhas sem mácula de Nossa Senhora, sua Mãe, nossa Mãe. Passou trinta anos de obscuridade, trabalhando como outro qualquer, junto de José. Pregou. Fez milagres... E nós Lhe pagamos com uma Cruz.

Que motivos mais ainda precisamos para a contrição de nosso coração?

Jesus esperou por esse encontro com sua Mãe. Quantas recordações de infância! Belém, o longínquo Egito, a aldeia de Nazaré. Agora também a quer junto de Si, no Calvário. E nós também precisamos d'Ela!... Na escuridão da noite, quando uma criancinha tem medo, grita: Mamãe! Assim tenho eu de clamar muitas vezes com o coração: Mãe! Mamãe! Não me largues!

Até chegarmos ao abandono, há um pouquinho de caminho a percorrer... Se ainda não conseguimos, não nos angustiemos: continuemos a nos esforçar. Chegará o dia em que não veremos outro caminho senão Ele — Jesus — , sua Mãe Santíssima, e os meios sobrenaturais que o Mestre nos deixou...

Se formos almas de fé, daremos aos acontecimentos desta terra uma importância muito relativa, como a deram os santos... O Senhor e sua Mãe não nos abandonam e, sempre que for necessário, se farão presentes para encher de paz e de segurança o coração dos seus...

Adaptado do livro "Via Crucis", São Josemaría Escrivá.

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