domingo, 29 de março de 2009

Reflexões sobre a Via Crucis (III)

A Cruz fere, desfaz com o seu peso os ombros do Senhor.
A multidão foi-se agigantando. Os legionários mal podem conter a multidão encrespada e enfurecida que, como rio fora do leito, aflui pelas vielas de Jerusalém.
O corpo exausto de Jesus cambaleia já sob a Cruz enorme. De seu Coração amorosíssimo mal chega um alento de vida aos membros chagados.

À direita e à esquerda, o Senhor vê essa multidão que anda como rebanho sem pastor. Poderia chamá-los um por um, pelos seus nomes, pelos nossos nomes. Ali estão os que se alimentaram na multiplicação dos pães e dos peixes, os que foram curados de suas doenças, os que Ele ensinou, junto do lago e na montanha e nos portões do Templo.

Uma dor aguda penetra na alma de Jesus, e o Senhor desaba debilitado.

E nós não podemos dizer nada: agora já sabemos porque pesa tanto a Cruz de Jesus. E choramos as nossas misérias e também a tremenda ingratidão do coração humano. Nasce do fundo da alma um ato de contrição verdadeira, que nos tira da prostração do pecado. Jesus caiu para que nós nos levantássemos: uma vez e sempre. Enquanto há luta, luta ascética, há vida interior. Isso é o que nos pede o Senhor: a vontade de querer amá-Lo com obras, nas coisas pequenas de cada dia. Se venceste no que é pequeno, vencerás no que é grande.

Quantos, com a soberba e a imaginação, se metem nuns calvários que não são de Cristo! A Cruz que deves levar é divina. Não queira levar nenhuma humana. Se alguma vez cair nesse laço, corrija-se imediatamente: basta-te pensar que Ele sofreu infinitamente mais por amor de nós...

Adaptado do livro "Via Crucis", São Josemaría Escrivá.

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