quinta-feira, 12 de março de 2009

Reflexões Quaresmais (II)

Consideremos de novo, nesta Quaresma, que o cristão não pode ser superficial. Plenamente mergulhado no seu trabalho diário entre os demais homens, seus iguais, atarefado, ocupado, em tensão, o cristão tem que estar ao mesmo tempo totalmente mergulhado em Deus, porque é filho de Deus.

A filiação divina é uma verdade feliz, um mistério consolador. A filiação divina encharca toda a nossa vida espiritual, porque nos ensina a procurar, conhecer e amar o nosso Pai do Céu, e assim cumula de esperança a nossa luta interior e nos dá a simplicidade confiante dos filhos pequenos. Mais ainda: precisamente porque somos filhos de Deus, esta realidade leva-nos também a contemplar com amor e com admiração todas as coisas que saíram das mãos de Deus Pai Criador. E deste modo somos contemplativos no meio do mundo, amando o mundo.


Chegada a plenitude dos tempos, Deus Pai enviou ao mundo seu Filho Unigênito para que restabelecesse a paz; para que, redimindo o homem do pecado, fôssemos constituídos filhos de Deus, libertados do jugo do pecado, habilitados a participar na intimidade divina da Trindade. E assim se tornou possível que este homem novo, esta nova enxertia dos filhos de Deus, libertasse toda a criação da desordem, restaurando todas as coisas em Cristo, que nos reconciliou com Deus.
Tempo de penitência, portanto. Mas, como vimos, não é uma tarefa negativa. A Quaresma deve ser vivida com o espírito de filiação que Cristo nos comunicou e que palpita em nossa alma. O Senhor chama-nos para que nos aproximemos d'Ele, a sermos imitadores de Deus, como filhos muito queridos, colaborando humildemente, mas fervorosamente, com o divino propósito de unir o que se quebrou, de salvar o que se perdeu, de ordenar o que o homem pecador desordenou, de reconduzir o que se extraviou, de restabelecer a divina concórdia em toda a criação.

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