domingo, 26 de junho de 2011

Incalculável...

É fato. E estou cada vez mais persuadido disto: a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na terra...

Diz a Bíblia que o Reino dos Céus é semelhante a um tesouro... Esta passagem do Evangelho caiu na minha alma e lançou raízes. Verdade que eu já a tinha lido muitas vezes, mas acho que nunca havia captado sua substância, o seu "sabor divino". Tudo... tudo deve ser vendido pelo homem sensato, para conseguir o tesouro, a pérola preciosa da Glória! Qual o valor de um Tesouro Incalculável? Por mais que o homem que o encontrou tivesse posses, ele sabia que nada, nada se comparava àquele tesouro que ele encontrou. E por isso, ele seria capaz de abdicar de tudo o que tinha - ou que achava que tinha - pelo tesouro que encontrou. Ahhh, quão pouco valem as coisas da terra que, mal começam, já acabam... E mesmo assim, como somos tão apegados...

Só é possível desapegar de nós mesmos quando passamos a olhar amorosamente para o irmão que está ao lado - seja ele quem for -, porque quando olhamos para o irmão e enxergamos o Cristo que vive nele, encontramos sentido sobrenatural para nossa existência. Servir aos outros, por Cristo, exige que sejamos muito humanos. Se a nossa vida for desumana, Deus nada edificará sobre ela, pois normalmente não constrói sobre a desordem, sobre o egoísmo, sobre a prepotência. Não diremos que o injusto é justo, que a ofensa a Deus não é ofensa a Deus, que o mau é bom. No entanto, perante o mal, não responderemos com outro mal, mas com o testemunho autêntico e com a ação boa: afogando o mal em abundância de bem.

No Sermão da Montanha, Jesus ensina o preceito divino da caridade a todos os que estão dispostos a abrir-lhe os ouvidos da alma. E, ao concluir, explica como resumo: "Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar nada em troca, e será grande a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom mesmo com os ingratos e os maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso".

A misericórdia não se detém numa estrita atitude de compaixão; a misericórdia identifica-se com a superabundância da caridade, que por sua vez arrasta consigo a superabundância da justiça. Misericórdia significa manter o coração em carne viva, humana e divinamente penetrado de um amor firme, sacrificado, generoso. Assim comenta São Paulo a caridade, no seu cântico a essa virtude: "a caridade é paciente, é benigna; a caridade não é invejosa, não age precipitadamente, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não busca os seus interesses, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a injustiça, mas compraz-se na verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre"...

Ao cristão só existe uma medida: a de amar sem medida! E a felicidade? Dizia Dom Luciano que "Ser feliz é fazer as pessoas felizes". E isso só se consegue amando, e amando sem limites... aí teremos encontrado o tesouro que "nem as traças nem a ferrugem podem consumir e que os ladrões não podem furar nem roubar..."