quinta-feira, 29 de março de 2012

feitos de barro


(Foto: Wesley Almeida)

A quaresma é um tempo propício para refletirmos sobre nossa vida. E para darmos novo sentido – sentido sobrenatural – àquilo que, por vezes, perdeu o sentido. 

Hoje acordei pensando nas minhas limitações, nas minhas falhas, naquelas pequenas falhas ou, porque não dizer, nas pequenas omissões do cotidiano... nas vezes que falho no cumprimento do meu dever, nas vezes que não correspondo adequadamente à Graça, nas vezes que julgo meu irmão pelo que ele faz e não o enxergo com o olhar de Jesus, ou seja, quando eu não convivo com meus irmãos a partir da experiência de Deus que faço. E enxergar nossa falta de amor, nossas fraquezas, insucessos, decepções, frustrações não é tarefa fácil. Porque encaramos o pior de nós mesmos. Mas é bom refletir sobre isso... Não para sentir-se mal, incapaz, ou ferir-se... mas para reconhecer a matéria de que somos feitos. Não te perturbes, querido leitor, se te conheces tal como és; assim, de barro. Não te preocupes. Porque você e eu somos filhos de Deus escolhidos pela chamada divina desde toda a eternidade: “Escolheu-nos o Pai, por Jesus Cristo, antes da criação do mundo, para que sejamos santos na sua presença” (Ef 1, 4). Nós que pertencemos especialmente a Deus, que somos seus instrumentos apesar da nossa pobre miséria pessoal, seremos eficazes se não perdermos o conhecimento da nossa fraqueza. As tentações dão-nos a dimensão da nossa própria fragilidade.

Se nos sentirmos abatidos, por experimentarmos - talvez de um modo particularmente vivo - a nossa mesquinhez, é o momento de nos abandonarmos por completo, com docilidade, nas mãos de Deus. Conta-se que, certo dia, um mendigo saiu ao encontro de Alexandre Magno e pediu-lhe uma esmola. Alexandre deteve-se e ordenou que o fizessem senhor de cinco cidades. O pobre, confuso e aturdido, exclamou: “Eu não pedia tanto!” E Alexandre respondeu: “Tu pediste como quem és; eu te dou como quem sou”.

Repitamos com a palavra e com as obras: "Senhor, confio em Ti, basta-me a tua providência ordinária, a tua ajuda de cada dia". Não é questão de pedir a Deus grandes milagres. Devemos, antes, pedir-lhe que aumente a nossa fé, que ilumine a nossa inteligência, que fortaleça a nossa vontade. Jesus permanece sempre junto de nós, e comporta-se sempre como quem é. Simples assim.

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